Orientações para a produção do perfil

 

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O perfil a ser produzido como trabalho para a disciplina deve ser norteado pelos seguintes aspectos:

1.    O texto final deverá ter, no mínimo, 12.000 caracteres (contando os espaços em branco).
2.    Apesar de ser principalmente descritivo, o perfil poderá ser mais prazeroso se também forem explorados os recursos narrativos. Da mesma forma que na primeira reportagem, neste texto devem ser exploradas as paradas na narrativa para apresentação de “flashbacks” ou “analepses” relacionadas à vida do personagem ou mesmo para contextualização de temas que precisam de explicações.
3.    Será observado no texto o cumprimento das regras gramaticais, sendo consideradas a pontuação, as concordâncias verbal e nominal e a acentuação (inclusive, o devido uso da crase). Não usar, portanto, as contrações típicas da linguagem informal ("pra", "pro"...), a não ser quando estas forem o registro exato da fala dos entrevistados.
4.    Não deixem de produzir FOTOS com boa resolução dos perfilados (mesmo se feitas com celular). Uma boa resolução são 200 DPIs.
5.    Dêem um título e um subtítulo as suas reportagens e coloquem seus nomes nos textos.
6.    Evitar fazer do perfil apenas um retrato psicológico do personagem, deixando prevalecer o que você “intuiu” dele. Lembrar-se que o entrevistado fala pelo que diz e pelo modo como diz, não apenas pelo que "achamos" dele, no nosso modo de interpretação.
7.    Os entrevistados têm nome e sobrenome e assim devem ser indicados no texto. A não ser que eles solicitem formalmente para não serem identificados, o que deve ser informado ao leitor.

 


ASPECTOS DE UM PERFIL

Ao longo do texto de um perfil, diferentes traços, qualidades e características são atribuídos o um personagem. O personagem é, então, caracterizado. Mas não apenas pela identificação, ou seja, pelo nome dele – ainda que um nome próprio ou um apelido possam atuar como elemento de caracterização psicológica.


A caracterização pode ser dar através de duas modalidades:

1. DIRETA
É a que consiste numa descrição estática dos atributos da personagem, num fragmento reservado a esta finalidade. Do ponto de vista de sua execução, pode ser:

a) Autocaracterização: quando é feita pela própria personagem. Com frequência, é desculpabilizadora.


(...)
Era quase meia-noite e ela estava cansada. Levantou-se da mesa equilibrando uma pilha de pratos e talheres e os depositou dentro da pia. Em seguida, passou filme plástico nas tigelas de comida e guardou tudo na geladeira. Foi caminhando a passos lentos até a porta de casa. Reclamou do calor e, antes de se despedir, fez um pedido: “Preserve minha intimidade. Não gosto de firula, não quero nada, não sou candidata a nada. Sou só uma magistrada.”
Não gosto de firula - Criticada pelo estilo ruidoso, a corregedora Eliana Calmon diz que seus adversários defendem valores que a sociedade não comporta mais.


Por Daniela Pinheiro. Piauí, nº 66, março de 2012, pp. 26-32.



b) Heterocaracterização: quando feita pelo autor, pelo narrador ou por outra personagem. É a que favorece o aparecimento de apreciação mais crítica.



2) INDIRETA

É mais dinâmica, mas aparece de forma dispersa nas palavras que a personagem pronuncia, nos seus atos e nas suas reações perante os outros.


– Fragelli, coloque aí na sua apresentação o nome das empresas que participam do projeto do submarino nuclear e identifique o que são essas siglas – disse o ministro Nelson Jobim, da Defesa.
– Ministro, essa apresentação é um compacto. As siglas e as empresas aparecem em algum momento da apresentação completa, com oitenta slides – respondeu o almirante José Alberto Accioly Fragelli, coordenador do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear.
– Ninguém aguenta ver oitenta slides, Fragelli. Vocês têm que botar na cabeça que essas palestras não são para vocês, militares. São para civis, que têm pouca compreensão do que está sendo tratado.
– Ministro, eu faço várias palestras para empresários, e faço desse jeito.
– Mas quero que seja feito desse jeito. Entendido?
– Pois não, ministro. Farei as modificações.


Para toda obra – Presidente do Supremo, ministro de Fernando Henrique, Lula e Dilma, eleitor de Serra, titular da Justiça e da Defesa, Nelson Jobim transita entre juízes, militares e civis de todas as cores
Por Consuelo Dieguez, piauí, ed. 59, ago.2011



Segue abaixo a lista de alguns elementos que contribuem para a caracterização do personagem.


3. ASPECTO FÍSICO
4. REGIÃO


Nelson Jobim é um homenzarrão de 1,90 metro que se impõe pelo tamanho, pelo porte e pela voz aspecto físico). Nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, há 65 anos (região), e não só conserva como cultiva o sotaque gaúcho.

(Piauí, ed. 59, ago.2011)


5. FALA (as palavras empregadas)
6. PROFISSÃO
7. IDADE
8. POSIÇÃO SOCIAL
9. GRAU DE ESCOLARIDADE


10. CARACTERIZAÇÃO E ESPAÇO

As características, os traços, as qualidades de uma personagem podem estar projetados, impressos, no seu espaço. Lopes e Reis afirmam que o espaço, em primeira instância, é integrado pelos componentes físicos que servem de cenário ao desenrolar da ação e à movimentação das personagens. Entre estes componentes físicos, os dois autores incluem os ambientes interiores – as decorações e os objetos, que podem ser os de casa ou dos locais de trabalho.
Uma categoria especial de objetos, para a caracterização de personagens, é a das roupas, capazes não só de revelar estados de espírito como a passagem de um estado de espírito para outro.



(...) Como se veste com estampas de uma paleta infinita de cores e se enfeita com bijuterias chamativas, sua figura altiva chama atenção [Eliana Calmon].
(Piauí)


Era o começo da tarde de um sábado de novembro e ele [José Dirceu] vestia uma calça escura, camisa pólo com o decote forrado por um estampado Burberry e mocassins sem as meias. (Piauí, Ed. 16, jan.2008)



11. CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS

Num texto jornalístico sobre uma pessoa, poderá haver um conjunto formado pelas ações e reações atribuídas a esta pessoa, pelo que ela diz a seu próprio respeito, a respeito de outras pessoas e as respeito dos fatos, em geral, e, pelo que as outras pessoas dizem dela. Tal conjunto poderá induzir o leitor a concluir que esta pessoa tem um determinado tipo de caráter e de temperamento.

No entanto, a não ser em casos excepcionais, dificilmente o perfil jornalístico conterá conclusões definitivas e categóricas de seu autor sobre o caráter e o temperamento do protagonista. O mais comum (o mais prudente e, talvez, o mais ético) é que o texto reúna uma série de informações (aponte uma série de indícios) que poderão levar o leitor a tirar suas próprias conclusões a respeito.


a)    PARALINGUAGEM – grito, cochicho, pigarro, bocejo, suspiro.
b)    GESTOS

Codificados – são deliberados, empregados independentemente da fala como fazem os surdos

Não-codificados – acompanham a palavra e podem substituir ou reforçar a palavra.


c)    POSTURA – tensão e relaxamento; formalidade e hierarquia ou informalidade; concordância e discordância; atenção e desatenção.
d)    EXPRESSÃO FACIAL – A face de uma pessoa, com a movimentação de seus músculos, pode expressar uma grande variedade de emoções e de atitudes para com quem lhe serve de interlocutor.


José Dirceu comia o segundo pedaço de cupim quando, sem que percebesse, um homem loiro e jovem se Aproximou e pôs a mão no seu ombro. Talvez porque imaginasse se tratar de um conhecido, o ex-ministro sorriu quando o homem se inclinou, como que para cochichar no seu ouvido. Com o rosto quase colado ao de Dirceu, no entanto, o desconhecido gritou: "Seu safado, safado, SA-FA-DO!" O sorriso do ex-ministro se desmanchou e sua expressão facial se esvaziou. Ele não demonstrou surpresa, raiva, medo, constrangimento ou qualquer outra emoção. Ficou olhando fixo para a frente, impassível, enquanto os berros continuavam e eram ouvidos nas mesas vizinhas. Com a mão ainda no ombro de Dirceu, o intruso vociferou: "Sou eu que pago minha comida! Não é o PT ou o governo, seu safado!" Pelo inesperado e pela virulência da agressão, os que estavam à mesa ficaram paralisados e silenciosos. A filha do ex-deputado desviou o rosto para o lado oposto ao da cena. O motorista não tirou os olhos do próprio prato. O prefeito nicaragüense ficou atônito. (Piauí, ed. 16, jan.2008)



e) OLHAR - Os olhos com seus movimentos e direção comunicam sempre algo, deliberada ou indeliberadamente. O olhar, associado a expressões faciais, pode ser indício de: simpatia ou antipatia; atitude positiva ou negativa; controle de sincronização – através do olhar, o interlocutor sabe quando deve fazer uso da fala; revelar/evitar intimidade.
f)    RISO – Pode indicar humor, dúvida, subordinação, prazer, ridículo, auto-satisfação ou pode ser apenas reação a uma fala.
g)    SILÊNCIO
h)    DISTÂNCIA
i)    TOQUES

12. PERFIL IDEOLÓGICO

A visão de mundo de uma personagem deve ser descrita como parte de suas características psicológicas, ao lado de sua personalidade, de seu temperamento, de seu caráter, de suas preferências e inclinações. Na abordagem deste item, o narrador deve captar alguns aspectos básicos que compõem o conjunto das ideias da personagem sobre a vida. Deve tentar perceber como ela se vê, enquanto parte de uma comunidade e como entende que deva ser sua atuação social. É importante notar como a personagem encara os problemas econômicos, sociais e políticos e as questões mais importantes que preocupam o seu meio.